quarta-feira, 22 de abril de 2009

Alterações na utilização do produto

Pode-se ainda salientar, que o crescimento económico dos países contribui para a fusão das empresas, ao criar mercados consumidores mais amplos (maior poder de compra das populações). A fusão de empresas contribui, também, para reduzir custos de produção tirando partido de economias de escala, de economias gama e da experiência acumulada pelas diferentes empresas participantes no processo de fusão.
ALTERAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DO PRODUTO
As alterações na utilização do produto decorrem do processo de crescimento económico. À medida que a sociedade atravessa a fase da industrialização, maiores quantidades de recursos produzidos (máquinas, equipamentos) são utilizadas pelo sector secundário. Quando a sociedade passa à fase da terciarização, o sector terciário aumenta o emprego de recursos humanos.
O crescimento económico moderno contribui para aumentar a produtividade média dos diferentes sectores, mas contribui também para aumentar os recursos utilizados pelos sector secundário e terciário comparativamente com o sector agrícola.
Nas modernas economias resultantes da intensificação do crescimento do produto, verifica-se o reforço da participação do sector terciário no PIB. Esta realidade é retratada através da afirmação que o sector terciário aumentou a sua participação produtiva devido à redução dos custos de comunicação e de processamento da informação, a par da valorização do conhecimento.
O moderno crescimento económico provocou também, o aumento do peso do consumo e do investimento público em relação ao consumo e investimento privado. Estes aumentos estão associados à modificação do papel do Estado na sociedade.
A partir da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, assistimos ao reforço e ao alargamento das funções do Estado. O Estado, para além de garantir a satisfação das necessidades colectivas, como a saúde e a educação, ampliou o sistema de protecção social, procurou dinamizar a economia através de estímulos à iniciativa privada, como a isenção de impostos, a bonificação de linhas de crédito, etc., procurou prevenir e minimizar os efeitos das recessões, etc. Todas estas intervenções do Estado na actividade económica contribuíram para o aumento dos gastos em consumo e em investimento público.
Actualmente, a tendência poderá voltar a ser diferente, os défices orçamentais e a possibilidade de ruptura do Sistema de Segurança Social poderão obrigar o Estado a reduzir gastos, afectando, desta forma, o investimento e o consumo público.
Alterações na forma de repartir o produto
O moderno crescimento económico provocou alterações na forma de repartir o produto.
Na repartição funcional do rendimento, o crescimento económico provocou o aumento da parcela dos salários no rendimento dos países desenvolvidos. Este facto resulta da maior importância do factor trabalho (quer em quantidade quer em termos de qualificação dos trabalhadores) no processo produtivo, o que contribui para a repartição funcional do rendimento favorável ao trabalho.
Na repartição pessoal do rendimento, o moderno crescimento económico provocou o agravamento das desigualdades e contribui para o alastrar da pobreza.
As desigualdades acentuaram-se devido à concentração na posse do capital e às diferenças salariais registadas nas sociedades desenvolvidas. O Estado através das políticas redistributivas (política fiscal, de preços e social) tem procurado corrigir as desigualdades na repartição pessoal do rendimento. No entanto tem-se assistido nos últimos tempos ao agravamento da pobreza no Mundo.
Modo de organização económica das sociedades desenvolvidas
O moderno crescimento económico provocou alterações na organização da sociedade que se manifestam na dimensão da empresa, no aumento da concorrência e na modificação do papel do Estado.
Alterações na dimensão da empresa e aumento da concorrência
O crescimento do produto do país tem provocado o aparecimento de novas unidades de pequena e de média dimensões, contribuindo, sobretudo, para o crescimento da dimensão média das empresas. As alterações na dimensão das empresas resultam da aceleração do crescimento económico: grandes empresas procuram reduzir custos tirando partido das economias de escala e da possibilidade de actuarem em mercados, cada vez mais globais. Estes factores obrigam as empresas a aumentarem a sua dimensão.
Os fenómenos de integração económica, com a criação de espaços de livre comércio, sem obstáculos às trocas, possibilitaram o alargamento dos mercados abastecedores e consumidores e, desta forma, criaram mercados mais amplos. A maior concorrência nestes mercados, mais globais, tem contribuído para a necessidade da empresa reduzir custos, de forma a colocar no mercado bens e serviços a preços mais baixos. Na busca da minimização dos custos e como resposta ao alargamento do mercado, em resultado do crescimento económico (via maior capacidade de consumo), as empresas procuraram aumentar a sua capacidade de produção para conseguirem tirar partido:
Dos múltiplos descontos concedidos por fornecedores;
Dos custos fixos associados à utilização dos equipamentos;
Das maiores e melhores condições no acesso ao crédito.
As empresas participantes num processo de concentração beneficiam da obtenção de facilidades de financiamento e dispõem de maior poder sobre o mercado, via preço de comercialização, uma vez que se aproximam mais da situação de monopólio, aumentando a possibilidade de obter maiores lucros.
O aumento da concorrência como resultado do moderno crescimento económico está associado:
À abertura dos mercados nacionais no âmbito dos acordos alcançados pela Organização Mundial de Comércio;
À intensificação dos fenómenos de integração económica – a liberdade de circulação provoca a reafectação dos recursos e intensifica a concorrência;
Ao aparecimento das economias emergentes – a produção a baixo custo realizada por estes mercados, em resultado dos baixos salários pagos ao factor trabalho, torna inviável, nos termos actuais, a sobrevivência de certas indústrias no modo desenvolvido;
À deslocalização das produções – para estas economias emergentes e para os ex-países de Leste, regiões onde o factor trabalho é mais barato e a legislação do trabalho é mais permissível.
Um dos exemplos actuais do incremento da concorrência quer no mercado interno quer no mercado externo é a China.
A economia chinesa tornou-se no maior produtor mundial de têxteis, com elevada capacidade de competir nos mercados mundiais, o que tem provocado o desaparecimento de muitas empresas têxteis na Europa e a deslocalização de outras, para o continente asiático ou para a Europa de Leste. A sobrevivência desta indústria na Europa dependerá da sua capacidade de inovação, traduzida na melhoria da qualidade e na diversificação dos bens apresentados.

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