sábado, 31 de janeiro de 2009

Organização Mundial de Comércio e Esquema Síntese

Organização Mundial de Comércio

Esquema Síntese

Organização Mundial de Comércio

 A redução das barreiras – à livre circulação de têxteis e de vestuário;
 A introdução no comércio externo dos serviços da cláusula da Nação mais favorecida;
 A introdução no comércio externo da propriedade intelectual da cláusula da Nação mais favorecida
Para além das áreas de implementação e redacção dos acordos multilaterais de comércio, a OMC dispões de mecanismos para a resolução de diferendos e de conflitos.
A OMC coopera com outros organismos das Nações Unidas, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, na construção de uma política económica global.
Para proporcionar a liberalização do comércio externo, a OMC aplica os seguintes princípios:
 Da reciprocidade – consiste, se um país concede facilidades no acesso ao seu mercado por parte de bens provenientes de outro, então este deverá proporcionar o inverso;
 Da não discriminação – consiste, sempre que um país concede mais facilidades no acesso ao seu mercado aos bens provenientes de outros, então esta situação deverá estender-se a todos os restantes a quem adquire bens.
A OMC tem sede em Genebra e dispõe da seguinte estrutura operacional (ver página seguinte):
OBS: Soluções do exercício da página 48:
a) 69 %
b) (…)
c) Saldo Balança Corrente = – 12 832,2 + 3 236,8 – 3 327,8 + 3 483,3 = - 9 439,9
d) O país possui um défice de 9 439,9 milhões de €
e) 8 814,2 = (G + 185 185,6 + 417 344,8) – (25 553,7 + 181 967,6 + 412 545,1) =
26 350,2 milhões de €
Nova Estrutura Operacional
As ajudas à produção agrícola estiveram presentes na origem de conflitos quer no passado, quer no presente. No passado e à medida que a união Europeia foi garantindo a sua auto-suficiência alimentar, de zona carenciada em bens agrícolas passou a exportadora, competindo com os EUA. Esta mudança contribui para a agudização do conflito.
Para além deste diferendo, existe a preocupação dos países industrializados de que a liberalização do comércio de têxteis e de vestuário possibilite uma concorrência desleal entre as suas empresas e as correspondentes nos países em desenvolvimento. Esta preocupação resulta da ausência ou da reduzida implementação das leis laborais e do facto de estas não serem tão restritivas quanto as europeias ou as americanas.
Outra área polémica, entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, diz respeito aos direitos de propriedade intelectual, importantes para as grandes multinacionais devido aos prejuízos causados pelas falsificações. Mas, nesta área, a EU e os EUA chegaram a acordo pontual, ao possibilitarem aos países mais pobres o acesso aos medicamentos genéricos, a baixos preços, para o tratamento de pandemias como a Sida ou a malária. Os países em desenvolvimento, criadas as devidas condições, poderão produzir os genéricos e os restantes poderão importá-los a baixos preços.
As relações de Portugal com a EU e o Resto do Mundo
Com a ajuda do Relatório do Banco de Portugal, consultar o Grau de Abertura da Economia Portuguesa, página 113, gráfico 4.18).
Da mesma forma e com a ajuda do Relatório do Banco de Portugal, consultar a evolução das Exportações portuguesas, página 107 e 108, gráfico 4.13 ).
Relativamente às Importações consultar a página 118 (gráfico 4.11).
No que respeita à Capacidade/Necessidade de Financiamento da Economia Portuguesa, consultar as páginas 119 (gráfico 4.21) e 120 (gráfico 4.12).
INTEGRAÇÃO ECONÓMICA
Integração Económica identifica-se como um processo quando dois países acordam proceder à abolição das barreiras comerciais existentes entre si, para formarem um mercado mais homogéneo e coerente.
Trata-se de unificar mercados que antes se encontravam separados, para constituírem um só mercado de maior dimensão e com características próprias, pois funciona agora como a integração das partes.
A integração é vista como um processo, uma vez que para se chegar à formação de um único espaço económico, que anteriormente funcionava de forma repartida como mercados nacionais, há que tomar uma série de medidas que visam preparar o caminho para a unificação desses vários mercados, de forma que os custos sentidos sejam os menores possíveis.
Noção de Integração Económica: é um processo, através do qual, dois ou mais mercados nacionais anteriormente separados e de dimensões unitárias consideradas pouco adequadas unem-se para formar um só mercado, de dimensão mais adequada.
Vantagens da Integração Económica:
 Uma maior possibilidade de alcançar o pleno emprego dos factores de produção;
 Uma maior eficiência na afectação dos recursos de cada economia;
 Uma maior possibilidade de garantir o crescimento económico;
 O aumento da produção devido à divisão do trabalho e à especialização efectuada;
 A obtenção de economias de escala devido ao alargamento da dimensão dos mercados;
 Uma maior circulação da inovação e dos avanços tecnológicos.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Proteccionismo, livre-cambismo e barreiras alfandegárias e

AS POLÍTICAS COMERCIAIS E A ORGANIZAÇÃO DO COMÉRCIO MUNDIAL
Genericamente, o comércio externo proporciona a melhoria do bem-estar das populações, isto quando se compara com a ausência do comércio. Sendo isto verdade, então porque é que os países aplicam medidas proteccionistas face aos outros países? Quais as razões existentes para que as políticas de controlo das importações possam surgir?
Proteccionismo e livre-câmbio
As respostas para as questões colocadas anteriormente ligam-se ao facto de que o comércio livre/livre-cambismo, beneficia globalmente todas as sociedades, mas em cada sociedade, existem grupos que obtêm ganhos com a realização do comércio externo, mas outros grupos perdem com a realização do mesmo. É por isso que os governos criam entraves à entrada de bens e serviços provenientes do Resto do Mundo, indo ao encontro dos grupos que perdem com o comércio externo nesses países.
Barreiras alfandegárias – os governos para responderem aos interesses de alguns produtores nacionais e de grupos sociais, aplicam impostos sobre a importação de mercadorias ou estabelecem a contingentação das importações. Também através da sua acção os governos limitam o comércio externo. As barreiras à livre circulação das mercadorias são utilizadas sempre que existe proteccionismo, Segundo esta perspectiva, o comércio é nocivo para as sociedades e deve ser limitado através da criação de barreiras legais ao mesmo. As barreiras alfandegárias podem ser:
a) As tarifas alfandegárias – que consistem na aplicação de impostos sobre os bens importados, provocando o aumento dos preços dos bens e dos serviços no mercado interno;
b) A contingentação – que consiste na determinação de um limite máximo para a importação de um bem ou de um serviço;
c) Os subsídios às exportações – que consistem na atribuição de benefícios sobre os bens e os serviços exportados proporcionando a redução dos custos de produção dos bens e dos serviços exportados
Exemplos:

1 - (Mercado de Telemóveis) - considere a seguinte situação – o gráfico atrás representado, apresenta as curvas da procura e da oferta agregadas de telemóveis em Portugal, e que o preço no mercado externo ao preço mundial é de 80 €.
Com a abertura da economia portuguesa ao comércio, passou-se da situação de equilíbrio E (preço de 120 € e quantidade de 80 unidades) para uma situação de excesso de procura interna (qD – qS), a qual vai ser satisfeita pela importação (oferta mundial) de telemóveis (70 telemóveis).
Os consumidores portugueses passam a consumir mais, de 80 passam para 120 telemóveis, com a vantagem e o fazerem a um preço inferior ao preço de equilíbrio do mercado interno, passando de 120 para 80 € por telemóvel. Esta situação apresenta em simultâneo, aspectos negativos. Os produtores internos assistem à redução da quantidade transaccionada no mercado e à redução do preço, o que provocará, certamente, a redução do número de horas de trabalho e o consequente encerramento de algumas empresas, as menos competitivas.
Pode-se assim confirmar a ideia de partida segundo a qual, o comércio proporciona o aumento do rendimento do país. De registar ainda que em cada sociedade, há grupos que ganham (no caso apresentado, os consumidores) e há grupos que perdem (no caso os produtores).
Mercado de rádios

2 – (Barreiras Alfandegarias) – tendo em conta o gráfico representado, no qual estão representadas as curvas da procura e da oferta agregadas de rádios na Lusitânia e é definido o preço no mercado externo. O país, perante esta situação, seria obrigado a importar 35 rádios. A aplicação da tarifa de 5 unidades monetárias por rádio provoca a redução da procura interna para 60 rádios. Daqui resulta a redução da quantidade importada, passando de 35 para 18 rádios.
Mercado de tratores

3 – (Contingentação) – Se considerar a aplicação de contingentação às importações no mercado de produção de tractores agrícolas: as curvas representadas no gráfico correspondente colocam em evidência a procura e da oferta de tractores na Lusitânia. A intersecção das curvas da procura e da oferta da Lusitânia permite verificar que o preço de equilíbrio no mercado interno seria de 55 unidades monetárias, admitindo a não existência de comércio externo.
Se considerar agora que o país abre as fronteiras aos tractores estrangeiros, mas limita o número de tractores que o país pode importar a 10 tractores anuais.
Os consumidores passam a dispor de menos unidades do bem para consumir, passam de 70 para 60 tractores anuais e pagam por cada um mais 5 unidades monetárias. A aplicação da contingentação traduz-se para o consumidor numa perda e funciona de forma idêntica à tarifa. O mesmo já não acontece para o governo. Este, ao fixar o número máximo de tractores a importar pelo país, não arrecadou qualquer receita fiscal.
Os produtores de tractores são os únicos beneficiados com esta medida, uma vez que podem aumentar a produção (37 para 40 tractores) e passam a receber um preço mais elevado por cada tractor comercializado no mercado interno.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO
Os países por várias razões abandonam o livre-cambismo para aplicarem medidas proteccionistas, de maior ou menor abrangência e essa tendência coincide com os períodos de maiores dificuldades nessas economias. Mesmo os países mais desenvolvidos em períodos de recessão justificam o reforço das medidas proteccionistas com o aumento do desemprego ou a quebra na procura de bens produzidos por empresas residentes. Foi assim com o aço em 2001, nos Estados Unidos da América com o reforço das tarifas aduaneiras. Por vezes, o proteccionismo não é tão óbvio, pelo que são aplicados barreiras não tarifárias, como os contingentes à importação. Portugal durante anos definiu, a exemplo da União Europeia, limites à entrada de automóveis japoneses. Os países tradicionalmente produtores e exportadores de têxteis, devido à forte concorrência dos Novos Países industrializados, reforçaram as barreiras não tarifárias.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) nasceu, em 1993, na conferência de Marrequexe. Nesta conferência, 117 países concordaram na criação da OMC, como sucessora do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), com as competências de administrar o Acordo Geral e os códigos de liberalização do comércio alcançados nas Rondas de Tóquio e do Uruguai.
O GATT promoveu oito “Rounds”. O primeiro “Round” realizou-se em 1947, em Genebra (Suiça) e o último em 1993, em Punta del Este no Uruguai. Todos os ciclos de negociação trataram da redução de direitos aduaneiros. Estes passaram de níveis médios de 40%, em 1947, para níveis de 3% em 2000.
A OMC intervém nas seguintes áreas:
 A redução tarifária – introduzindo o conceito de direito “consolidado”. Este ocorre quando um país, depois de ter reduzido um direito, se compromete a não elevar no futuro;
 A redução de subvenções – concedidas à produção de bens agrícolas;

domingo, 18 de janeiro de 2009

A Balança de Pagamentos

BALANÇA CORRENTE (Ver Quadro A.4.15, página 221
A Balança Corrente portuguesa registou sempre desde 1998, saldos negativos, o que significa que o total dos créditos foi inferior ao total dos débitos. O país para financiar esses défices, teve de utilizar divisas ou contrair empréstimos externos para efectuar o pagamento do excesso de importações relativamente às exportações.
Da análise do Quadro A.4.15 (página 221), verifica-se que a Balança Corrente portuguesa apresentou, entre 2000 e 2004 um saldo negativo, entre 2003 e 2004 de valor absoluto crescente e entre 2001 e 2003 de valor decrescente. Esta melhoria verificada no saldo da Balança Corrente entre 2001 e 2003 resulta, segundo o Banco de Portugal, da desaceleração da actividade económica portuguesa, associada ao aumento da poupança das famílias e da retracção do investimento. A recuperação dos fundos da União Europeia contribuiu para a menor necessidade de financiamento da economia portuguesa. Pode-se também afirmar que a melhoria do défice da Balança Corrente neste período resulta da redução do défice da Balança de Mercadoria, como se verificou anteriormente. O agravamento do saldo da Balança Corrente entre 2003 e 2004 deve-se ao agravamento dos saldos das Balanças de Mercadorias, de Rendimentos e de Transferências Correntes. A situação reflecte também o aumento dos preços do petróleo.
BALANÇA DE CAPITAL (Ver Quadro A.4.15, página 221)
A Balança de Capital regista os fluxos de capitais entre residentes e não residentes num determinado país. A Balança de Capital regista as transferências de capital que não dão origem a um fluxo futuro de pagamento de rendimentos em sentido oposto. Os fluxos de capitais são constituídos pelas:
 Transferências de Capitais – como os fundos provenientes da União Europeia, e neles estão incluídos os recebimentos dos fundos de Coesão e do PRODIP e parte dos fundos provenientes do FEDER e FEOGA-Orientação;
 Aquisições/cedências de activos não produzidos, não financeiros – isto é, as transacções (compra e venda) de activos intangíveis (patentes, marcas, copyright e franchising) e outras transacções de activos tangíveis (aquisição de terrenos e habitações por embaixadas e instituições internacionais).
A Balança de Capital tem registado nos últimos anos saldos positivos devido ao afluxo de capitais provenientes da União Europeia a partir dos fundos estruturais. Entre 1998 e 1999, os saldos da Balança aumentaram; em 2000 e 2001, os saldos da Balança Corrente deterioraram-se devido a atrasos na implementação do novo Quadro Comunitário de Apoio, o que provocou uma redução acentuada na entrada de capitais no país.
O saldo da Balança Corrente atingiu novo máximo em 2003 e a partir desse ano decresceu. A entrada dos novos Estados-membros na EU e os atrasos na implementação dos Quadros Comunitários de Apoio explicam esse decréscimo.
BALANÇA FINANCEIRA (Ver Quadro A.4.15, página 221)
A Balança Financeira regista os fluxos que envolvem mudança de titularidade entre residentes e não residentes de activos/passivos financeiros e os fluxos de criação/extinção de activos/passivos financeiros sobre o Resto do Mundo. A Balança Financeira comporta cinco tipos de operações:
 Investimento directo – este fluxo regista do lado do crédito a compra ou a criação de uma nova empresa por um investidor não residente (investimento directo do exterior em Portugal). No fluxo do lado do débito regista-se a aquisição ou a criação por residentes de empresas localizadas fora do espaço da União Europeia (investimento directo de Portugal no exterior);
 Investimento de carteira – este tipo de investimento refere-se à compra de produtos financeiros por residentes no nosso país e à compra de produtos financeiros na Bolsa de Valores de Lisboa por parte de não residentes;
 Derivados financeiros – este tipo de fluxo representa a compra de derivados por não residentes na Bolsa de derivados e vice-versa;
 Outro investimento – este fluxo corresponde aos créditos comerciais e aos activos não considerados reserva, incluindo também a obtenção por residentes de empréstimos ou a constituição de depósitos em bancos não residentes;
 Activos de reservas - incluem a crédito os activos das autoridades monetárias considerados reserva, isto é, activos de não residentes na Zona Euro e expressos em moedas de países de fora da Zona Euro. Temos, como exemplo, os títulos do Banco de Portugal denominados em euros e emitidos por entidades residentes fora da Zona Euro.
SALDOS DA BALANÇA FINANCEIRA (Ver Quadro A.4.15, página 221
A Balança Financeira portuguesa, entre 2004 e 2007, apresentou saldos positivos. Para este valor do saldo contribui, sobretudo, o crescimento do investimento directo do exterior em Portugal.
O aumento da posição devedora de Portugal face ao exterior deve-se à necessidade da economia colocar dívida junto de não residentes, que não tem sido compensada pelos afluxos de investimentos directos e em acções do exterior em Portugal (Ver páginas 157, 158 – Quadro 7.2 e Gráficos – 7.1 e 7.2)
EXERCÍCIO:
Observe os seguintes valores referentes à economia portuguesa, em 2003:

Rubricas Importações Exportações Saldo
Mercadorias 41 462,2 28 630 A
Serviços 7 132,4 10 369,2 B
Rendimentos 9 101,4 5 773.6 C
Transferências Correntes 2 898,5 6 381,8 D
Transferências de Capital 183,8 2 157,8 E
Aquisição/cedência de activos 23,7 28,3 F
Investimento directo 25 553,7 G
8 814,2
Investimento de carteira 181 967,6 185 185.6
Derivados financeiros e outros activos 412 545,1 417 344,8

Pedidos:
a) Calcule a Taxa de Cobertura.
b) Interprete o valor obtido anteriormente.
c) Determine o saldo da Balança Corrente.
d) Interprete o valor calculado na alínea anterior.
e) Determine o valor do investimento português no exterior.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Balança de Transferências Correntes

ESTRUTURA DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS
Para além de se estudar a evolução do saldo da Balança de Mercadorias é também importante analisar a estrutura das Importações e das Exportações, pois permite obter diversas informações, nomeadamente o grau de competitividade das nossas Exportações, o Grau de Especialização da nossa economia, ou seja, qual o tipo ou tipos de produtos com que concorremos nos mercados externos. Será que esses produtos são de elevada especialização, que incorporam alta tecnologia? Ou, antes, será que produtos de baixa especialização, que utilizam muita mão-de-obra e reduzido recurso a tecnologia?
PEDIDO: analise estas questões utilizando o link do Relatório do Banco de Portugal. Para as Importações, o Quadro 4.11 (página 118). Para as Exportações utilizar o Quadro 4.3 (página 108) e o Quadro 4.7 (página 114).
TAXA DE COBERTURA
Utiliza-se este indicador económico para avaliar a situação existente no Comércio Externo de Mercadorias de um país. Este indicador é calculado, apenas, para o comércio de mercadorias. Este indicador é calculado, apenas, para o comércio de mercadorias, utilizando-se a expressão:
Taxa de Cobertura = (Valor das Exportações : Valor das Importações) x 100 =
A Taxa de Cobertura pode assumir três valores:
 Inferior a 100%: significa que o valor obtido com as exportações de mercadorias apenas permite pagar parte do valor das importações efectuadas pelo país, o que reflecte uma situação de défice da Balança de Mercadorias. É necessário utilizar as divisas existentes e/ou contrair empréstimos externos para cobrir o défice. No caso da taxa de cobertura ser igual a 75%, o défice corresponde a 25% do valor das mercadorias adquiridas ao Resto do Mundo;
 Superior a 100%: significa que o valor obtido com as exportações permite pagar a totalidade das importações de mercadorias, ou mesmo excedendo, e o país acumula divisas, o que reflecte uma situação de superavit da Balança de Mercadorias. No caso da taxa de cobertura ser igual a 100%, o excedente corresponde a 120% do valor das mercadorias adquiridas ao Resto do Mundo;
 Igual a 100%: a Balança Comercial está equilibrada, o valor das exportações é igual ao das importações e o país não utilizou nem obteve mais divisas.

PESO DO COMÉRCIO EXTERNO
O Peso do Comércio Externo reflecte o valor do comércio externo na actividade económica, traduzindo o Grau de Abertura do país ao exterior e calcula-se da seguinte forma:
Peso do Comércio Externo = (Valor das Importações + Valor das Exportações) x 100 =
PIBpm
Deste modo, o Peso do Comércio Externo indica-nos a percentagem do valor das Importações e das Exportações no total da despesa efectuada num país em determinado período de tempo, em regra um ano.
Exercícios:
1 - Analise o seguinte quadro:
Países Peso do Comércio Externo
País A 55,1
País B 65,4
País C 34,2
 Explique o significado da expressão “Peso do Comércio Externo”
 Caracterize cada um dos países representados, no que respeita ao seu Comércio Externo
 Suponha que num determinado ano, o país A registou 147 milhões de euros de Importações e 123 milhões de euros de Exportações. Calcule a taxa de cobertura desse ano.
2 – Considere a seguinte tabela:
Comércio Internacional euros
1998 1999 2000 2001
Importações 34 491 37 506 43 257 44 054
Exportações 22 252 23 026 26 39 27 323
Saldos
Fonte: Anuário Estatístico, 2002
 Calcule os saldos para cada um dos anos;
 Calcule a Taxa de Cobertura para cada um dos anos;
 Explique o significado de uma Taxa de Cobertura igual a 100%
BALANÇA DE SERVIÇOS (Ver Quadro A.4.15, págs. 221, 222)
Regista os luxos entre Residentes e Não Residentes, de Seguros, de Transportes, de Direitos de Utilização, de Viagens e de Turismo. A Balança de Serviços apresenta, geralmente, em Portugal, um saldo positivo por influência do Turismo.
O valor deste serviço regista, por vezes, flutuações acentuadas devido aos períodos de recessão ou de crescimento económico. Em períodos de forte expansão económica, a tendência é para o aumento das receitas do turismo. Para além do desempenho e económico dos diferentes países, também a existência de paz e de segurança a nível mundial favorece o turismo, possibilitando o aumento das receitas do mesmo.
BALANÇA DE RENDIMENTOS (Ver Quadros A.4.15 e A.4.16, págs. 221, 222)
A Balança de Rendimentos regista os fluxos de rendimentos do trabalho e do investimento. A Balança de Rendimentos portuguesa tem registado défices de valor absoluto crescente entre vários períodos (1998 a 2001), (2003 a 2005). Este facto resultou, segundo o Relatório do Banco de Portugal, da descida das taxas de juro.
BALANÇA DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES (Ver Quadros A.4.15 e A.4.16, págs. 221, 222)
A Balança de Transferências Correntes regista fluxos sem retorno, ou seja, sem qualquer contrapartida e mercadorias, de serviços ou mesmo de aplicações financeiras e de investimentos. A Balança de Transferência Correntes regista:
 As remessas de emigrantes e de imigrantes;
 As pensões e as reformas dos migrantes que regressam definitivamente ao seu país;
 Os fluxos financeiros associados à cooperação com outros Estados, as dádivas (doações) e as indemnizações.
A Balança de Transferências Correntes portuguesa registou, entre 1996 e 2004, saldos positivos, mas de valor crescente até 2000.a partir deste ano de valor decrescente. Este comportamento está associado a uma retracção registada pelas remessas dos emigrantes e ao aumento das remessas dos imigrantes, em virtude do forte fluxo de trabalhadores do Leste da Europa.
EXERCÍCIO: Interprete com base no Relatório do Banco de Portugal, o saldo da Balança de Transferências Correntes para o período compreendido entre 1998 a 2007 ( Ver Quadros A.4.15 e A.4.16, págs. 221, 222)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Balança de Mercadorias

A BALANÇA DE MERCADORIAS
A Balança de Mercadorias ou Balança Comercial, como é por vezes designada, regista os fluxos monetários relativos às transacções de mercadorias entre um determinado país e o Resto do Mundo, isto é, as transacções de bens de consumo final, de bens em curso de fabrico e de matérias-primas e subsidiárias.
O saldo da Balança de Mercadorias resulta da diferença entre as Exportações (Créditos) e as Importações (Débitos). A observação da tabela seguinte, permite afirmar que:
Balança de Mercadorias (2004) (Saldos em % do PIB)
Bélgica 2,7 Itália 0,0 Polónia -2,2
Rep. Checa -1,0 Chipre -26,2 Portugal -10,5
Dinamarca 3,7 Letónia -20,3 Eslovénia -3,9
Alemanha 6,8 Lituânia -10,6 Eslováquia -3,5
Estónia -17,5 Luxemburgo -10,2 Finlândia 6.7
Grécia -15,1 Hungria -3.0 Suécia 6,6
Espanha -6.1 Malta -15,8 Reino Unido 5,2
França -0,4 Holanda 7,1
Irlanda 21,2 Áustria 1.1
Fonte: Eurostat,Europe in figures, 2006
 A Irlanda, a Holanda e a Alemanha são três dos países da EU que apresentam saldos positivos na Balança de Mercadorias (superavit). O valor das exportações excedeu o valor das importações de mercadorias possibilitando ao país a entrada de divisas;
 Portugal, conjuntamente com a maioria dos países da EU, apresenta um saldo negativo na Balança de Mercadorias (défice). O valor das exportações foi inferior ao valor das importações, o que representa uma situação desfavorável para o nosso país, uma vez que saíram mais divisas do que entraram no país.
EXERCÍCIO: O organismo oficial da EUROLAND divulgou os seguintes valores referentes ao comércio externo de mercadorias. Por defeito de impressão, não foram apresentados alguns dados, pelo que os técnicos tiveram de, à última hora, calcular os respectivos valores.
MERCADORIAS
Valores em milhões de unidades monetárias
Anos 2001 2002 2003
Importações 1 256 X 2 356
Exportações X 1 200 3 457
Saldo 245 - 12 X
a) Calcule os valores em falta
b) Interprete o valor do saldo da Balança de Mercadorias em 2001
c) Utilizando o último Relatório do Banco de Portugal e após localizar o Quadro da Balança de Pagamentos (cujo link está no blogue da disciplina, publicado em 2008/11/29 - Quadro A.4.16), determine:
I. O Saldo da Balança de Pagamentos para os anos posteriores a 2004;
II. Interprete os valores dos saldos encontrados.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Divisas. Operações de câmbio

Divisas. Operações de câmbio. Desvalorização da moeda.
Se viajarmos, actualmente, para fora das fronteiras da Zona Euro, necessitamos, não de €, mas de outras moedas como libras, dólares, coroas dinamarquesas e litas para efectuarmos os pagamentos quando nos deslocamos, respectivamente, ao Reino Unido, aos Estados Unidos da América, à Dinamarca ou à Lituânia. Da mesma forma se passa para as empresas importadoras dos países da Zona Euro, e que têm necessidade de efectuar os pagamentos na unidade monetária dos países fornecedores dessas mercadorias ou numa moeda aceite no mercado internacional como meio de pagamento. Os importadores necessitam de divisas, isto é, de meios de pagamento internacionais (dólares, libras ou euros) ou de ouro proveniente das reservas dos bancos centrais nacionais.
Divisas = são as unidades monetárias e as reservas de ouro utilizadas no pagamento do comércio internacional.
Comércio externo = envolve a intervenção dos agentes económicos em dois mercados: o mercado de bens e serviços /efectuam as compras e as vendas de bens ou de serviços) e o mercado de câmbios (trocam a unidade monetária interna pela unidade monetária de que necessitam para concretizar a operação anterior).
Por exemplo: uma empresa importadora de café do Brasil necessita de reais para pagar o valor do café importado e, por sua vez, o exportador de têxteis portugueses para o Japão obriga o importador japonês a procurar € em troca dos ienes.
Os países que possuem moedas diferentes são, portanto, obrigados a proceder à troca da moeda nacional estrangeira para efectuarem os pagamentos das mercadorias, dos serviços e da cedência de capitais, recorrendo, por isso, ao mercado cambial. Nesse mercado é definido o preço da moeda estrangeira, a taxa de câmbio.
Taxa de câmbio = traduz o preço da moeda estrangeira, ou seja, o valor a que é possível trocar moeda de um país pela moeda de outro país.
A Taxa de Câmbio ou Taxa de Câmbio Nominal não leva em conta as diferenças nos preços entre países. Pode ser calculada de duas formas diferentes:
a) Pode representar o número de unidades de moeda estrangeira que se pode comprar com uma unidade de moeda nacional;
b) Pode ser definida como o número de unidades de moeda nacional que se tem de dar para comprar uma unidade de moeda estrangeira.
Exercício: Actualize os valores das taxas de câmbio da tabela a seguir representada.
Para o efeito, utilize a informação disponível no seguinte link: http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=CN_HOMEPAGE
Divisa estrangeira/ euro Euro/divisa estrangeira
Dólar dos USA 1,577 0,6341
Real do Brasil 2,7199 0,3677
Libra esterlina 0,7857 1,2728
Coroa dinamarquesa 7,4594 0,1341
Fonte: Diário de Notícias, 2008/3/18.
Registo das relações com o Resto do Mundo – a Balança de Pagamentos
Relativamente ao quadro atrás representado verifica-se que:
a) São necessárias 0,7857 libras para comparar 1 € (coluna esquerda);
b) São necessários 1,2728 € para comprar uma libra (coluna direita).
A partir deste momento, sempre que se refira a utilização de câmbios, será identificada como o número de unidades de moeda estrangeira que se pode adquirir com 1 €.
Já vimos atrás que, é no mercado cambial que é definida a taxa de câmbio. Neste mercado, admite-se que o Estado não intervém, a taxa de câmbio é estabelecida através da procura e da oferta de moeda estrangeira. Neste caso estamos perante o regime de câmbios flexíveis.
Câmbios flexíveis = este regime ocorre quando o Estado não exerce qualquer interferência no funcionamento do mercado cambial.
Neste regime, os desequilíbrios nas transacções de um país com o Resto do Mundo são momentâneos, pois a taxa de juros sofre as alterações necessárias ao ajustamento e à reposição do equilíbrio. Assim, as alterações na taxa de câmbio garantem o equilíbrio sistemático das contas externas.
Exemplo: um dado país possui como taxa de câmbio da sua moeda, face ao real do Brasil, o valor de 3,2 u. m. por real. Em 2002, e que existia equilíbrio das contas externas. Em 2003, as exportações desse país foram, num determinado momento, superiores às importações, a taxa de câmbio dessa moeda nacional apreciou-se e assistiu-se à valorização dessa moeda face ao real, que passou para 3,4 u. m. por real.
Perante esta situação haverá aumento das importações, pois o país poderá comprar mais mercadorias ao estrangeiro com a mesma quantidade em moeda; as mercadorias estrangeiras tornaram-se mais baratas. As exportações reduziram-se, uma vez que a mercadora nacional colocada no mercado externo passou a ter um preço superior em reais, em virtude de alteração dos preços da moeda nacional. As contas externas deixaram de se apresentar equilibradas. O país A importou mais mercadorias do que exportou, o que obriga a moeda do país A a desvalorizar-se face ao real, isto é, a taxa de câmbio passa para 3.05 u. m. por real.
Valorização = de uma moeda dá-se quando se está em presença de um aumento do seu valor relativamente a outras unidades monetárias;
Desvalorização = ocorre quando a moeda perde valor comparativamente com as restantes.
Exercício: Comente a seguinte frase “num contexto de forte inflação os países vêem com bons olhos a valorização das suas moedas”
Flexível Obtida pelo mercado
Taxa de Câmbio
Fixa Definida pelo governo
No regime de câmbios flexíveis, a taxa de câmbio é flexível, o seu valor não é definido oficialmente, mas determinado de acordo com a oferta da moeda no mercado de câmbios.
A existência de câmbios “totalmente” flexíveis raramente ocorre. O que sucede é que o Estado e/ou os Bancos Centrais nacionais intervêm no mercado de câmbios comprado e vendendo divisas e desta forma controlando, ainda que de maneira incompleta, o valor da moeda. Se a moeda nacional está a valorizar-se (a aumentar o seu valor), então o Banco Central poderá ordenar a venda de moeda nacional de forma a evitar o aumento da taxa de câmbio, procedendo de forma inversa quando ocorre uma desvalorização.
Contrariamente ao regime de câmbios flexíveis, existe o regime de câmbios fixos. Aqui. O Estado determina administrativamente uma determinada taxa de câmbio que vai procurar estabilizar no mercado cambial. No regime de taxas de câmbios fixos, o valor da taxa de câmbio é estabelecido por intermédio da política governamental.

Regime de câmbios fixos = ocorre quando as autoridades monetárias interferem no funcionamento do mercado cambial e há a determinação administrativa da taxa de câmbio.
Em Portugal, durante vários anos, o Banco de Portugal apresentou, diariamente, as taxas de câmbios indicativas. Estas forneciam às Instituições Financeiras Monetárias uma orientação sobre os valores a que deviam proceder na compra e venda de moeda estrangeira.
Desde Janeiro de 1999, o Banco Central Europeu passou a coordenar a política monetária e a política cambial da Zona Euro, começando, assim, a definir a taxa de câmbio do euro e a intervir no mercado cambial de forma a determinar as taxas de câmbio, através da compra ou da venda de moeda estrangeira. Hoje, os Estados da Zona Euro, entre eles Portugal, não podem utilizar a política de desvalorização, uma vez que as políticas monetária e cambial são competências do Banco Central Europeu.
Exercício: Recolha notícias dos jornais ou de sites da internet relativas ao comportamento do euro no mercado cambial.
Elabore uma síntese a partir da informação recolhida.
Até meados da década de 90 do século passado, Portugal utilizou, por diversas vezes, a desvalorização para corrigir o défice da Balança Comercial e acentuar a competitividade das mercadorias exportadas.
A desvalorização provoca a alteração dos preços expressos em moeda estrangeira. Por exemplo se um exportador residente no nosso país vendeu cortiça no valor de 1 milhão de escudos (aplica-se o escudo em vez do euro, porque o Estado português actualmente não pode utilizar esta política) à República Checa. O importador checo teve de converter a coroa checa em escudos. Utilizando a taxa de câmbio de 6,4 coroas checas por escudo, teve de trocar 6,4 milhões de coroas checas por 1 milhão de escudos.
Depois de desvalorização, verifica-se que o importador checo não tem necessidade do mesmo montante em coroas checas para obter 1 milhão de escudos. A taxa de câmbio passou a ser de 5,8 milhões de coroas por escudo. O importador checo necessita apenas de 5,8 milhões de coroas para comprar a mesma quantidade de cortiça a Portugal. A desvalorização contribui para a redução do preço da cortiça em coroas checas, o que contribuirá para o aumento das exportações. Processo inverso acontece com as importações realizadas pelas empresas residentes em Portugal quando há desvalorização da moeda. O facto de o escudo convertido em coroas checas representar um menor valor vai originar o aumento dos preços dos bens importados avaliados em moeda nacional e vai contribuir para a redução das quantidades importadas desses bens.
Com a criação do euro, os governos dos países da zona euro perderam a possibilidade de controlar a taxa de câmbio nominal através da compra e da venda de euros, mas não perderam a possibilidade de alterar a taxa de câmbio real.
A competitividade das diferentes economias está associada a vários factores, entre eles a taxa de câmbio nominal e os preços internos e externos.