sábado, 3 de janeiro de 2009

Divisas. Operações de câmbio

Divisas. Operações de câmbio. Desvalorização da moeda.
Se viajarmos, actualmente, para fora das fronteiras da Zona Euro, necessitamos, não de €, mas de outras moedas como libras, dólares, coroas dinamarquesas e litas para efectuarmos os pagamentos quando nos deslocamos, respectivamente, ao Reino Unido, aos Estados Unidos da América, à Dinamarca ou à Lituânia. Da mesma forma se passa para as empresas importadoras dos países da Zona Euro, e que têm necessidade de efectuar os pagamentos na unidade monetária dos países fornecedores dessas mercadorias ou numa moeda aceite no mercado internacional como meio de pagamento. Os importadores necessitam de divisas, isto é, de meios de pagamento internacionais (dólares, libras ou euros) ou de ouro proveniente das reservas dos bancos centrais nacionais.
Divisas = são as unidades monetárias e as reservas de ouro utilizadas no pagamento do comércio internacional.
Comércio externo = envolve a intervenção dos agentes económicos em dois mercados: o mercado de bens e serviços /efectuam as compras e as vendas de bens ou de serviços) e o mercado de câmbios (trocam a unidade monetária interna pela unidade monetária de que necessitam para concretizar a operação anterior).
Por exemplo: uma empresa importadora de café do Brasil necessita de reais para pagar o valor do café importado e, por sua vez, o exportador de têxteis portugueses para o Japão obriga o importador japonês a procurar € em troca dos ienes.
Os países que possuem moedas diferentes são, portanto, obrigados a proceder à troca da moeda nacional estrangeira para efectuarem os pagamentos das mercadorias, dos serviços e da cedência de capitais, recorrendo, por isso, ao mercado cambial. Nesse mercado é definido o preço da moeda estrangeira, a taxa de câmbio.
Taxa de câmbio = traduz o preço da moeda estrangeira, ou seja, o valor a que é possível trocar moeda de um país pela moeda de outro país.
A Taxa de Câmbio ou Taxa de Câmbio Nominal não leva em conta as diferenças nos preços entre países. Pode ser calculada de duas formas diferentes:
a) Pode representar o número de unidades de moeda estrangeira que se pode comprar com uma unidade de moeda nacional;
b) Pode ser definida como o número de unidades de moeda nacional que se tem de dar para comprar uma unidade de moeda estrangeira.
Exercício: Actualize os valores das taxas de câmbio da tabela a seguir representada.
Para o efeito, utilize a informação disponível no seguinte link: http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=CN_HOMEPAGE
Divisa estrangeira/ euro Euro/divisa estrangeira
Dólar dos USA 1,577 0,6341
Real do Brasil 2,7199 0,3677
Libra esterlina 0,7857 1,2728
Coroa dinamarquesa 7,4594 0,1341
Fonte: Diário de Notícias, 2008/3/18.
Registo das relações com o Resto do Mundo – a Balança de Pagamentos
Relativamente ao quadro atrás representado verifica-se que:
a) São necessárias 0,7857 libras para comparar 1 € (coluna esquerda);
b) São necessários 1,2728 € para comprar uma libra (coluna direita).
A partir deste momento, sempre que se refira a utilização de câmbios, será identificada como o número de unidades de moeda estrangeira que se pode adquirir com 1 €.
Já vimos atrás que, é no mercado cambial que é definida a taxa de câmbio. Neste mercado, admite-se que o Estado não intervém, a taxa de câmbio é estabelecida através da procura e da oferta de moeda estrangeira. Neste caso estamos perante o regime de câmbios flexíveis.
Câmbios flexíveis = este regime ocorre quando o Estado não exerce qualquer interferência no funcionamento do mercado cambial.
Neste regime, os desequilíbrios nas transacções de um país com o Resto do Mundo são momentâneos, pois a taxa de juros sofre as alterações necessárias ao ajustamento e à reposição do equilíbrio. Assim, as alterações na taxa de câmbio garantem o equilíbrio sistemático das contas externas.
Exemplo: um dado país possui como taxa de câmbio da sua moeda, face ao real do Brasil, o valor de 3,2 u. m. por real. Em 2002, e que existia equilíbrio das contas externas. Em 2003, as exportações desse país foram, num determinado momento, superiores às importações, a taxa de câmbio dessa moeda nacional apreciou-se e assistiu-se à valorização dessa moeda face ao real, que passou para 3,4 u. m. por real.
Perante esta situação haverá aumento das importações, pois o país poderá comprar mais mercadorias ao estrangeiro com a mesma quantidade em moeda; as mercadorias estrangeiras tornaram-se mais baratas. As exportações reduziram-se, uma vez que a mercadora nacional colocada no mercado externo passou a ter um preço superior em reais, em virtude de alteração dos preços da moeda nacional. As contas externas deixaram de se apresentar equilibradas. O país A importou mais mercadorias do que exportou, o que obriga a moeda do país A a desvalorizar-se face ao real, isto é, a taxa de câmbio passa para 3.05 u. m. por real.
Valorização = de uma moeda dá-se quando se está em presença de um aumento do seu valor relativamente a outras unidades monetárias;
Desvalorização = ocorre quando a moeda perde valor comparativamente com as restantes.
Exercício: Comente a seguinte frase “num contexto de forte inflação os países vêem com bons olhos a valorização das suas moedas”
Flexível Obtida pelo mercado
Taxa de Câmbio
Fixa Definida pelo governo
No regime de câmbios flexíveis, a taxa de câmbio é flexível, o seu valor não é definido oficialmente, mas determinado de acordo com a oferta da moeda no mercado de câmbios.
A existência de câmbios “totalmente” flexíveis raramente ocorre. O que sucede é que o Estado e/ou os Bancos Centrais nacionais intervêm no mercado de câmbios comprado e vendendo divisas e desta forma controlando, ainda que de maneira incompleta, o valor da moeda. Se a moeda nacional está a valorizar-se (a aumentar o seu valor), então o Banco Central poderá ordenar a venda de moeda nacional de forma a evitar o aumento da taxa de câmbio, procedendo de forma inversa quando ocorre uma desvalorização.
Contrariamente ao regime de câmbios flexíveis, existe o regime de câmbios fixos. Aqui. O Estado determina administrativamente uma determinada taxa de câmbio que vai procurar estabilizar no mercado cambial. No regime de taxas de câmbios fixos, o valor da taxa de câmbio é estabelecido por intermédio da política governamental.

Regime de câmbios fixos = ocorre quando as autoridades monetárias interferem no funcionamento do mercado cambial e há a determinação administrativa da taxa de câmbio.
Em Portugal, durante vários anos, o Banco de Portugal apresentou, diariamente, as taxas de câmbios indicativas. Estas forneciam às Instituições Financeiras Monetárias uma orientação sobre os valores a que deviam proceder na compra e venda de moeda estrangeira.
Desde Janeiro de 1999, o Banco Central Europeu passou a coordenar a política monetária e a política cambial da Zona Euro, começando, assim, a definir a taxa de câmbio do euro e a intervir no mercado cambial de forma a determinar as taxas de câmbio, através da compra ou da venda de moeda estrangeira. Hoje, os Estados da Zona Euro, entre eles Portugal, não podem utilizar a política de desvalorização, uma vez que as políticas monetária e cambial são competências do Banco Central Europeu.
Exercício: Recolha notícias dos jornais ou de sites da internet relativas ao comportamento do euro no mercado cambial.
Elabore uma síntese a partir da informação recolhida.
Até meados da década de 90 do século passado, Portugal utilizou, por diversas vezes, a desvalorização para corrigir o défice da Balança Comercial e acentuar a competitividade das mercadorias exportadas.
A desvalorização provoca a alteração dos preços expressos em moeda estrangeira. Por exemplo se um exportador residente no nosso país vendeu cortiça no valor de 1 milhão de escudos (aplica-se o escudo em vez do euro, porque o Estado português actualmente não pode utilizar esta política) à República Checa. O importador checo teve de converter a coroa checa em escudos. Utilizando a taxa de câmbio de 6,4 coroas checas por escudo, teve de trocar 6,4 milhões de coroas checas por 1 milhão de escudos.
Depois de desvalorização, verifica-se que o importador checo não tem necessidade do mesmo montante em coroas checas para obter 1 milhão de escudos. A taxa de câmbio passou a ser de 5,8 milhões de coroas por escudo. O importador checo necessita apenas de 5,8 milhões de coroas para comprar a mesma quantidade de cortiça a Portugal. A desvalorização contribui para a redução do preço da cortiça em coroas checas, o que contribuirá para o aumento das exportações. Processo inverso acontece com as importações realizadas pelas empresas residentes em Portugal quando há desvalorização da moeda. O facto de o escudo convertido em coroas checas representar um menor valor vai originar o aumento dos preços dos bens importados avaliados em moeda nacional e vai contribuir para a redução das quantidades importadas desses bens.
Com a criação do euro, os governos dos países da zona euro perderam a possibilidade de controlar a taxa de câmbio nominal através da compra e da venda de euros, mas não perderam a possibilidade de alterar a taxa de câmbio real.
A competitividade das diferentes economias está associada a vários factores, entre eles a taxa de câmbio nominal e os preços internos e externos.

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