domingo, 18 de janeiro de 2009

A Balança de Pagamentos

BALANÇA CORRENTE (Ver Quadro A.4.15, página 221
A Balança Corrente portuguesa registou sempre desde 1998, saldos negativos, o que significa que o total dos créditos foi inferior ao total dos débitos. O país para financiar esses défices, teve de utilizar divisas ou contrair empréstimos externos para efectuar o pagamento do excesso de importações relativamente às exportações.
Da análise do Quadro A.4.15 (página 221), verifica-se que a Balança Corrente portuguesa apresentou, entre 2000 e 2004 um saldo negativo, entre 2003 e 2004 de valor absoluto crescente e entre 2001 e 2003 de valor decrescente. Esta melhoria verificada no saldo da Balança Corrente entre 2001 e 2003 resulta, segundo o Banco de Portugal, da desaceleração da actividade económica portuguesa, associada ao aumento da poupança das famílias e da retracção do investimento. A recuperação dos fundos da União Europeia contribuiu para a menor necessidade de financiamento da economia portuguesa. Pode-se também afirmar que a melhoria do défice da Balança Corrente neste período resulta da redução do défice da Balança de Mercadoria, como se verificou anteriormente. O agravamento do saldo da Balança Corrente entre 2003 e 2004 deve-se ao agravamento dos saldos das Balanças de Mercadorias, de Rendimentos e de Transferências Correntes. A situação reflecte também o aumento dos preços do petróleo.
BALANÇA DE CAPITAL (Ver Quadro A.4.15, página 221)
A Balança de Capital regista os fluxos de capitais entre residentes e não residentes num determinado país. A Balança de Capital regista as transferências de capital que não dão origem a um fluxo futuro de pagamento de rendimentos em sentido oposto. Os fluxos de capitais são constituídos pelas:
 Transferências de Capitais – como os fundos provenientes da União Europeia, e neles estão incluídos os recebimentos dos fundos de Coesão e do PRODIP e parte dos fundos provenientes do FEDER e FEOGA-Orientação;
 Aquisições/cedências de activos não produzidos, não financeiros – isto é, as transacções (compra e venda) de activos intangíveis (patentes, marcas, copyright e franchising) e outras transacções de activos tangíveis (aquisição de terrenos e habitações por embaixadas e instituições internacionais).
A Balança de Capital tem registado nos últimos anos saldos positivos devido ao afluxo de capitais provenientes da União Europeia a partir dos fundos estruturais. Entre 1998 e 1999, os saldos da Balança aumentaram; em 2000 e 2001, os saldos da Balança Corrente deterioraram-se devido a atrasos na implementação do novo Quadro Comunitário de Apoio, o que provocou uma redução acentuada na entrada de capitais no país.
O saldo da Balança Corrente atingiu novo máximo em 2003 e a partir desse ano decresceu. A entrada dos novos Estados-membros na EU e os atrasos na implementação dos Quadros Comunitários de Apoio explicam esse decréscimo.
BALANÇA FINANCEIRA (Ver Quadro A.4.15, página 221)
A Balança Financeira regista os fluxos que envolvem mudança de titularidade entre residentes e não residentes de activos/passivos financeiros e os fluxos de criação/extinção de activos/passivos financeiros sobre o Resto do Mundo. A Balança Financeira comporta cinco tipos de operações:
 Investimento directo – este fluxo regista do lado do crédito a compra ou a criação de uma nova empresa por um investidor não residente (investimento directo do exterior em Portugal). No fluxo do lado do débito regista-se a aquisição ou a criação por residentes de empresas localizadas fora do espaço da União Europeia (investimento directo de Portugal no exterior);
 Investimento de carteira – este tipo de investimento refere-se à compra de produtos financeiros por residentes no nosso país e à compra de produtos financeiros na Bolsa de Valores de Lisboa por parte de não residentes;
 Derivados financeiros – este tipo de fluxo representa a compra de derivados por não residentes na Bolsa de derivados e vice-versa;
 Outro investimento – este fluxo corresponde aos créditos comerciais e aos activos não considerados reserva, incluindo também a obtenção por residentes de empréstimos ou a constituição de depósitos em bancos não residentes;
 Activos de reservas - incluem a crédito os activos das autoridades monetárias considerados reserva, isto é, activos de não residentes na Zona Euro e expressos em moedas de países de fora da Zona Euro. Temos, como exemplo, os títulos do Banco de Portugal denominados em euros e emitidos por entidades residentes fora da Zona Euro.
SALDOS DA BALANÇA FINANCEIRA (Ver Quadro A.4.15, página 221
A Balança Financeira portuguesa, entre 2004 e 2007, apresentou saldos positivos. Para este valor do saldo contribui, sobretudo, o crescimento do investimento directo do exterior em Portugal.
O aumento da posição devedora de Portugal face ao exterior deve-se à necessidade da economia colocar dívida junto de não residentes, que não tem sido compensada pelos afluxos de investimentos directos e em acções do exterior em Portugal (Ver páginas 157, 158 – Quadro 7.2 e Gráficos – 7.1 e 7.2)
EXERCÍCIO:
Observe os seguintes valores referentes à economia portuguesa, em 2003:

Rubricas Importações Exportações Saldo
Mercadorias 41 462,2 28 630 A
Serviços 7 132,4 10 369,2 B
Rendimentos 9 101,4 5 773.6 C
Transferências Correntes 2 898,5 6 381,8 D
Transferências de Capital 183,8 2 157,8 E
Aquisição/cedência de activos 23,7 28,3 F
Investimento directo 25 553,7 G
8 814,2
Investimento de carteira 181 967,6 185 185.6
Derivados financeiros e outros activos 412 545,1 417 344,8

Pedidos:
a) Calcule a Taxa de Cobertura.
b) Interprete o valor obtido anteriormente.
c) Determine o saldo da Balança Corrente.
d) Interprete o valor calculado na alínea anterior.
e) Determine o valor do investimento português no exterior.

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