domingo, 22 de fevereiro de 2009

Módulo n.º 7

Curso Profissional de Técnico de Serviços Jurídicos
Economia – 11.º Ano - Módulo n.º 7 – Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Actividade Económica – 36 Tempos
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Actividade Económica

Competências:
1 – Principais instrumentos utilizados pelo Estado
1.1. Usar os conceitos económicos para compreender e descodificar a realidade económica mundial reconhecendo a crescente desigualdade entre os países e a sua interdependência.
1.2. Analisar a evolução do crescimento económico.
1.3. Reconhecer os indicadores de medida do crescimento económico e do desenvolvimento e as limitações que apresentam.
1.4. Argumentar sobre a necessidade de um desenvolvimento humano e sustentável no contexto actual.
2 – O Crescimento Económico: desenvolvimento, crescimento económico moderno, ciclos de crescimento económico e desenvolvimento humano e sustentável.
2.1. Noção de Crescimento Económico: indicadores.
2.2. Noção de Desenvolvimento: indicadores e
heterogeneidade de situações.
2.3. Noção de Crescimento Económico Moderno: factores e características.
2.4. Noção de Ciclos de Crescimento Económico: fases.
2.5. Noção de Desenvolvimento Humano e Sustentável: limites, desigualdades.
Objectivos:
1.1. Distinguir crescimento económico de desenvolvimento.
1.2. Distinguir indicadores simples de indicadores compostos.
1.3. Interpretar indicadores de desenvolvimento.
1.4. Referir limitações dos indicadores como medidas do desenvolvimento.
1.5. Reconhecer a heterogeneidade de desenvolvimento através de conjuntos variados de indicadores
1.6. Analisar situações de crescimento económico sem desenvolvimento.
1.7. Constatar o crescimento económico de algumas economias nos últimos séculos.
1.8. Explicar factores de crescimento económico
1.9. Reconhecer a importância do capital humano como factor de crescimento económico.
1.10. Identificar características dos países desenvolvidos
associadas ao crescimento económico moderno.
1.11. Verificar historicamente a irregularidade do ritmo de crescimento da actividade económica.
1.12. Caracterizar as fases dos ciclos económicos.
1.13. Indicar limites ao crescimento económico.
1.14. Avaliar as desigualdades de desenvolvimento a nível mundial.
1.15. Distinguir pobreza de exclusão social.
1.16. Constatar a existência de situações de pobreza e exclusão social nos países desenvolvidos.
1.17. Justificar a necessidade de um desenvolvimento humano sustentável no contexto actual.
Recursos:
Henriques, Lucinda Sobral & Leandro, Manuela (2005). Economia B – 11.º Ano – Cursos Tecnológicos de Administração e Marketing. Porto Editora.
Silva, Elsa & Mendes, Helena (2008). Economia C – 12.º Ano. Plátano Editora.
Fotocópias de textos, artigos e revistas, retirados de livros, jornais, revistas, páginas da Internet.
Blogue da turma: http://economia11tj.blogspot.com
Artigos retirados do Relatório do Banco de Portugal (2007/2008).
Artigos retirados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2007/8: http://hdr.undp.org
Fichas de trabalho.
Instrumentos de avaliação:
Participação nas aulas e trabalhos de aula/casa.
Ficha de avaliação sumativa de conhecimentos.
Organização de um porte fólio individual de aluno.
CRESCIMENTO ECONÓMICO E DESENVOLVIMENTO – CONCEITOS E INDICADORES
As sociedades actuais proporcionam aos seus habitantes condições de vida diferentes. Sociedades como a sueca ou a norueguesa asseguram o acesso de toda a população ao ensino e à saúde e proporcionam as infra-estruturas básicas como: a rede de esgotos, a recolha de lixos, etc. Pelo contrário, os habitantes da Etiópia ou da Somália não conseguem satisfazer necessidades básicas como: a fome, a educação ou o acesso à saúde.
A sociedade portuguesa situa-se entre os dois extremos, uma vez que garante a satisfação de necessidades básicas, mas apresenta um número significativo de habitantes em situação de pobreza (indivíduos que sobrevivem com menos de metade do rendimento per capita do país). No entanto, não se pode deixar de salientar que no nosso país o aumento registado na produção ao longo dos últimos anos foi notável e possibilitou o crescimento do poder de compra das famílias, fazendo com que se possa dispor de um maior número de bens, em quantidade e em variedade. Mas não se pode falar só em ganhos materiais, mais alimentos, mais casas, etc., deve-se ter presente os ganhos imateriais: maior e melhor nível de escolaridade, maior e melhor acesso à saúde são alguns dos ganhos que se pode referir.
Portugal registou principalmente depois dos anos 50 do século XX, os maiores ganhos, tendo inclusive o PIB pc crescido para 2,5 vezes mais, na primeira metade do século para na segunda ter crescido 8 vezes.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
O avanço das sociedades contempla aspectos quantificáveis, como o produto, e outros em que é mais difícil proceder a essa mediação, como os aspectos associados à quantidades de vida das populações. Assim, os economistas falam de crescimento económico e de desenvolvimento, dois conceitos distintos e importantes na análise da problemática da melhoria do nível de vida das sociedades.
O crescimento económico ocorre quando uma economia regista o aumento do produto ao longo de um certo período de tempo. Geralmente, avalia-se o crescimento económico através do aumento do volume de produção por habitante, outras vezes utiliza-se a taxa de crescimento do produto. Assim, pode-se enunciar que o crescimento económico representa o aumento durável da produção global de uma economia. É um fenómeno que pode ser avaliado e quantificado.
O crescimento económico, ao corresponder ao aumento na capacidade de produção de um país, deve ser entendido apenas como um meio importante para a sociedade poder atingir o fim a que se destina que é o desenvolvimento.
O desenvolvimento económico é um conceito mais abrangente e exigente o que o de crescimento económico, pois não basta existir crescimento económico para se poder falar em desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento representa a melhoria das condições de vida da população, assumindo estas múltiplas vertentes, podendo ser desde aspectos materiais que incluem mais e melhor alimentação, vestuário e calçado, mas também aspectos imateriais que integram melhores redes de transportes, melhores condições de habitalidade, que passam por melhores casas, redes de esgotos e de sistemas de recolha de lixos, maior rapidez e maior qualidade na oferta de educação e de saúde, melhor e mais célere justiça, etc. Assim, pode-se enunciar que o desenvolvimento económico como a capacidade da sociedade satisfazer as necessidades da sua população e permitir-lhe alcançar um nível de bem-estar adequado.
O desenvolvimento deve garantir a cobertura de certas necessidades (alimentação, saúde, habitação, educação, …), mas pode ser obtido de vários caminhos e tendo por base diferentes factores, no entanto apesar dessa diversidade de trajectos de desenvolvimento existem factores constantes como:
 A dimensão dos mercados;
 O progresso técnico;
 A melhoria do factor capital;
Há no entanto algumas semelhanças entre os conceitos de crescimento e de desenvolvimento.
Assim, o crescimento pode conduzir ao desenvolvimento, desde que o crescimento económico proporcione a melhoria das condições de vida das populações. O crescimento económico é o grande dinamizador do desenvolvimento, mas só por si não basta, é necessário que todos beneficiem desses ganhos e não só a parte da população afecta ao poder político, económico, religioso ou cultural.
Sendo o crescimento económico a base material que poderá conduzir ao desenvolvimento, será importante que Portugal cresça acima da média dos seus parceiros da União Europeia?
Esta problemática leva a que uma questão surja com premência. Estará Portugal a aproximar-se aos seus parceiros? Serão ou não importantes “pequenas” diferenças nas taxas de crescimento? Entre países?
Exemplo:
Considere que o Produto real per capita em Portugal era de 100 unidades monetárias em 1995. Utilizando as taxas de crescimento apresentadas, constata-se que em 1999 o valor do produto seria de 115,9 unidades monetárias.
Taxa de crescimento real do PIB (%)
Anos Portugal Zona Euro
1996 3,6 1,6
1997 3,9 2,5
1998 4,2 2,7
1999 3,4 2,7
2000 3,4 3,5
2001 1,8 1,6
2002 0,5 0,9
2003 -1,2 0,4

Assim, o produto em 1996 seria obtido da seguinte forma:
 Produto 1996 = produto 1995 taxa de crescimento real
 Produto 1996 = 100 1,036
 Produto 1996 = 103, 6 u. m.
Procedendo de forma idêntica para todos os anos, verifica-se que:
 Produto 1997 = 103,6 x 1,039 = 107,64
 Produto 1998 = 107,6 x 1,042 = 112,12
 Produto 1999 = 112,1 x 1,034 = 115,9
 (…)
Admitindo que o produto médio da Zona Euro era de 148 unidades monetárias em 1996 (uma vez que o nosso Produto correspondia em 1996 a 70 % da média da União Europeia) e procedendo da mesma forma, verifica-se que em 1999 o valor seria de 160 unidades monetárias.
O exemplo permite salientar que, nesse período, a economia portuguesa aproximou-se do nível de vida das populações das restantes países da Zona Euro (admitindo que o nível de vida á analisado tendo por base o PIB pc de um país), passou de 70 % do Produto da Zona Euro em 1996 para 72,4 % em 1999.
O produto Zona Euro em 1996 seria obtido da seguinte forma:
 Produto Zona Euro = Produto port./0,7
 Produto 1996 = 103,6/0,7
 Produto 1996 = 148 u. m.
Procedendo de forma idêntica para todos os anos, verificamos que:
 Produto 1997 = Produto 1996 Taxa de crescimento real
 Produto 1997 = 148 1,025
 Produto 1997 = 151,7 u. m.
 Produto 1998 = 155,8 u. m.
 Produto 1999 = 160 u. m.
No período compreendido entre 2000 e 2003, Portugal afastou-se do nível de vida registado na Zona Euro, registando 121,1 unidades monetárias em 2003. A Zona Euro continuou a crescer de forma mais acentuada e em 2003 apresentava um Produto real pc de 170,5 unidades monetárias. Em termos percentuais, o produto português passou de 72,4 % do Produto da Zona Euro para 71 % de 1999 para 2003.
Exercício: Calcule o valor do Produto real per capita em 2003 de Portugal, partindo do valor de 115,9 u. m. registado em 1999.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O conceito de Desenvolvimento é relativamente recente para a História da Humanidade. Foi a Revolução Industrial, iniciada no Reino Unido no século XVIII, que o introduziu com a abrangia actual e aquele manifestou-se como o mais poderoso e intenso processo de transformação social da História. O desenvolvimento pressupõe um conjunto de mudanças económicas, sociais, técnicas e institucionais que contribuíram para a melhoria do nível de vida das populações em resultado das alterações técnicas e das mudanças na organização da empresa desencadeadas a partir da Revolução Industrial.
As mudanças ocorreram em todas as áreas da sociedade e desencadearam novas mudanças, proporcionando transformações nas organizações familiar, produtiva, política, que se reflectiu em novos hábitos da população.
Em apenas duzentos anos, a sociedade passou a dispor de novas tecnologias, passou a controlar novas energias, que, aplicadas às mais variadas áreas, possibilitaram ganhos de qualidade de vida das populações. A máquina a vapor foi aplicada a múltiplas áreas do conhecimento e proporcionou o aumento da produção, a redução dos custos de produção, o embaratecimento dos bens e o acesso da generalidade da população aos bens. O consumo em massa conduziu à obtenção de elevados lucros pelas empresas, que, aplicados/reinvestidos no processo produtivo original ou noutros, permitiram melhorar as condições de vida das populações. Foi possível às empresas aproveitarem as economias de escala através da especialização produtiva e da disseminação dos custos fixos (distribuição dos custos fixos por um maior número de unidades produzidas), tornando-se mais competitivas. As inovações tecnológicas permitiram a difusão dos avanços (a generalização da utilização dessas inovações a outras áreas do conhecimento) e contribuíram para a proliferação de bens e para o seu embaratecimento.
A inovação, ao provocar as mudanças mencionadas anteriormente e relatadas nos textos e contribui para acentuar o crescimento económico dos países e provocar o aparecimento das condições necessárias ao maior desenvolvimento das sociedades.
A inovação possibilitou à humanidade ganhos incalculáveis, entre eles a redução da mortalidade em todo o mundo. Esta redução resulta das campanhas de vacinação, da melhor alimentação das populações, do acesso a água potável, das melhores condições de habitabilidade, da redução da taxa de mortalidade infantil e das melhores condições na prestação de cuidados de saúde.
Na sequência destas mudanças, assistimos ao acelerar do crescimento da população, contando o planeta, actualmente, com cerca de 6 000 milhões de habitantes. Mas, infelizmente, algumas das melhorias mencionadas não ocorrem em certas partes do globo, nomeadamente em parte do continente africano, na América do Sul ou na Ásia.
O crescimento da população é mais intenso nos países com piores condições de vida, onde a mulher não está alfabetizada e ainda não participa no mercado de trabalho. Nestes países, o controlo da natalidade é reduzido e a população, ao crescer, contribui para a estagnação ou a degradação das condições de vida das populações. Estas populações enfrentam condições de vida muito precárias, como falta de água potável, de alimentos e de medicamentos, a par da falta de liberdade, de justiça, etc.

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