domingo, 8 de março de 2009

Limitações dos indicadores (PNUD Relatório 2007/8)

Limitações dos indicadores
Dada a complexidade da realidade social, os indicadores, apesar de constituírem um instrumento de trabalho, são sempre imperfeitos e insuficientes, pois não conseguem traduzir a totalidade da realidade social.
Em termos quantitativos, é relativamente simples encontrarmos algumas respostas como a medição do Produto Nacional ou mesmo do Rendimento Nacional per capita. Mas quando passamos à análise qualitativa, as questões levantam-se com maior incidência. Poderemos questionar a validade do indicador RN per capita, qual o seu significado? O que traduz ele? E como medir, por exemplo, a realização dos direitos humanos?
Outro conjunto de questões que se pode levantar na utilização dos indicadores diz respeito à recolha dos dados estatísticos. Nos países menos desenvolvidos a informação estatística é por vezes deficiente, dadas as dificuldades na recolha dos dados ou mesmo no seu tratamento.
O PIB per capita é um indicador habitualmente utilizado para estabelecer comparações internacionais em termos de bem-estar das populações. No entanto, apresenta grandes limitações, já que:
Sendo uma média, nada nos diz sobre a forma como a riqueza é distribuída pela população, diluindo as desigualdades económicas e consequentemente as desigualdades sociais;
Não contabiliza o peso da economia informal, tal como o trabalho doméstico, o trabalho infantil, a produção destinada ao auto consumo ou ainda as operações que escapam ao controlo das autoridades, como o contrabando ou o tráfico ilícito de bens, serviços e capitais;
Em termos de comparações internacionais, utiliza-se em geral como unidade o dólar americano, não se tomando em conta a diferença de preços entre os países. Para responder a este problema introduziu-se o corrector dólares PPC (Paridade do Poder de Compra), que nos permite saber o que é possível comprar com 1 dólar em cada país e proceder a comparações entre países através do poder de compra expresso pelo PIB.
Apesar de o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ser um indicador composto e poder ultrapassar algumas limitações apresentadas pelos indicadores simples, mostra-se ainda imperfeito e insuficiente na medição de situações complexas como o desenvolvimento humano, pois este é muito mais vasto, rico e profundo do que é possível transmitir através de um indicador.
Uma das críticas usualmente feitas ao IDH refere-se ao número limitado de indicadores simples que o compõe, não conseguindo assim traduzir a complexidade do desenvolvimento humano.
Um segundo aspecto prende-se com a taxa de alfabetização de adultos, considerada como representativa do nível de conhecimento de uma população. Mas um país pode estar a realizar um forte investimento na escolarização das suas crianças e jovens e só daqui a uns anos esta situação será visível na taxa de alfabetização de adultos.
Sendo, ainda, o IDH uma média nacional, esconde as desigualdades existentes, quer entre grupos sociais quer entre sexos, regiões ou etnias.
Apesar destas limitações, as informações que o IDH nos revela são esclarecedoras.
Países classificados como economias de baixo rendimento apresentam um IDH elevado (Jordânia e Vietname);
Países classificados como economias de rendimento baixo apresentam um IDH baixo (Guiné e Tanzânia);
A justificação é a seguinte:
No primeiro caso, houve uma forte mobilização dos recursos nos domínios da educação e da saúde;
No segundo caso, são países com economias dualistas e acentuadas assimetrias na repartição do rendimento.
Para responder a estas limitações é necessário que se observe o desenvolvimento humano conjugando-se o IDH com outros indicadores como o IDG (Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Género) e o IPH (Índice de Pobreza Humana).
O Crescimento Económico Moderno
O crescimento económico constitui um meio para atingir o desenvolvimento. Tal facto torna o crescimento a base do hipotético desenvolvimento.
O moderno crescimento económico, de acordo com Simon Kuznets (prémio Nobel em 1971)), representa o aumento sustentado (a longo prazo) da produção, numa dada economia nacional. Esta tendência de crescimento da produção está, ou pode estar, relacionada com o crescimento demográfico (como na conquista do Oeste americano) ou com o aumento da produtividade do trabalho (por via da inovação, do espírito empreendedor ou do progresso técnico incorporado no investimento). Para além de se reconhecer que o crescimento económico moderno é mais intenso, temos de identificar a origem deste fenómeno e as fontes do mesmo.
O que determina o crescimento económico? Por que será que países como a Irlanda apresentam entre 1990/2002 taxas médias anuais de crescimento económico per capita de 6,8 %, enquanto outros, como Portugal, registaram taxas de 2,5 % ao ano? Maior investimento em capital provoca maior crescimento económico?

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